domingo, 17 de fevereiro de 2008

Uma esquina, cinco minutos, 17 infrações de trânsito!

Dal Marcondes

Em um sábado de dezembro, ensolarado, a feira livre da Vila Madalena, com suas coloridas barracas de frutas e legumes atrai muita gente bonita. Gente de todas as idades que vai à feira em busca de boa comida ou simplesmente para passear, comer um pastel ou tomar um caldo de cana.

Depois de duas horas puxando o carrinho de feira, já repleto de mangas, cenouras, ovos e tudo o que um gourmet amador precisa para deliciar-se e aos amigos, eu e minha mulher, Ana Maria, resolvemos sentar em uma mesinha de calçada na esquina da Aspicuelta com Fradique. Pedir uma cerveja e curtir o sol, a paisagem e a companhia.

Em poucos minutos constatamos uma situação que certamente mostra como andam lado a lado o melhor e o pior das pessoas. E o que distancia muito os paulistanos dos cidadãos de cidades sobre as quais adoramos falar e elogiar. Em apenas cinco minutos pudemos constatar 17 infrações de trânsito em apenas uma esquina. Foram coisas como:

  • Estacionar sobre faixa de pedestre
  • Parar sobre a faixa quando o sinal fecha
  • Parar em fila dupla
  • Ultrapassar sinal vermelho
  • Estacionar em lugar proibido
  • Estacionar sobre a calçada
  • Fazer conversão proibida
  • Passar em velocidade incompatível com o locar

Em quase todos os carros (novos e vistosos) havia pessoas bonitas e bem nascidas. Gente que fora dos carros se parece muito com um cidadão de bem. Mas comportam-se no trânsito como vândalos certos da impunidade.

O pior é que as pessoas que caminham em volta não se dão conta de que estão tendo sua segurança sendo terrivelmente ameaçadas por pessoas que não merecem ter da sociedade a concessão do direito de utilizar um veículo.

A Vila será melhor se as regras básicas de trânsito e cidadania forem respeitadas.

*Dal Marcondes é jornalista, editor do Portal Envolverde, freqüenta a Vila desde os anos 70 e mora na Vila desde 1991.

Na Vila, população com acesso a serviços essenciais é igual a da Suiça

Heitor Augusto, da Folha on Line

Quando se trata de acesso a serviços essenciais, morar na Vila Madalena se assemelha a viver na Suíça: todos os domicílios do bairro têm água encanada, serviço de coleta de lixo e energia elétrica.

A média de domicílios com água encanada na cidade de São Paulo é 98,59%. Porém, há regiões que estão longe do ideal. Na Vila Iara (zona norte), a porcentagem é de 81,47. No Parque Cocaia, 88,05%. Outro fator preocupante é que os bairros com os índices mais baixos de acesso a serviços essenciais pioraram em relação a 1991. Há nove anos, 82,33% dos domicílios no bairro de Anhanguera tinham serviço de coleta de lixo. Hoje, o número caiu para 52,12%.

Uma das explicações para a insuficiente baixa infra-estrutura é o crescimento de moradias irregulares. O crescimento populacional não foi acompanhado de reforço em água, luz e saneamento.



Renda na Vila cresceu 70%

A renda per capita dos moradores da Vila Madalena cresceu 70%. Apenas 31 das 454 microrregiões de São Paulo tinham renda per capita em 1991 acima de R$ 1.000 e ultrapassaram a marca de R$ 2.000 no ano 2000.

O crescimento da renda per capita não esteve acompanhado a uma sensível distribuição de renda. Metade da renda gerada pelos moradores da Vila é apropriada pelos 20% mais ricos do bairro.

Assim como em toda a cidade de São Paulo, as mulheres ganham menos que os homens. Na Vila, a diferença é de 59% (há nove anos, os homens ganhavam o dobro que as trabalhadoras).